Entrevista com Luiz Otávio Reis, terapeuta e professor de Massoterapia Ayurvédica


Luiz, seu nome é referência quando se fala em massagem Ayurvédica. Nos fale um pouco sobre a sua trajetória.

Luiz Otávio – Trabalho com massagem há mais de 20 anos e, quando comecei a dar cursos regulares de massagem ayurvédica em 1993, quase ninguém sabia do que se tratava. Desde então, nunca deixei de dar cursos. Acho que hoje posso dizer que cresci muito durante esses anos e minhas aulas também.

Por que você não gosta do Termo Medicina Ayurvédica?

Porque ayurveda no Brasil não é medicina. Na Índia, é a ciência médica tradicional, reconhecida e estudada nas Universidades. Fui um dos fundadores da ABRA – Associação Brasileira de Ayurveda – e seu vice-presidente durante 4 anos, e houve o cuidado de não colocarmos o nome ‘medicina ayurvédica’, mesmo tendo um médico como presidente da associação. Além disto, não ministro cursos de ayurveda e sim de massagem ayurvédica que é um dos muitos recursos desta ciência.

Como é a massagem ayurvédica?

É uma massagem intensa, profunda, que busca tratar cada um a partir de sua natureza interna com técnicas diferenciadas e óleos escolhidos de acordo com as características e as necessidades relatadas na entrevista inicial. O ayurveda possui conceitos únicos. A idéia é tratar o corpo, a mente, a emoção, a energia. Trazer para dentro de si, aliviar dores, mas também ajudar no processo de autoconhecimento.

E o que é a técnica da Shirodhara, tão procurada pelas pessoas?

Esta é uma técnica maravilhosa. O relaxamento que o liquido aquecido vertido na testa produz restaura o sistema nervoso, melhora o sono, expande a consciência, aguça os sentidos. As pessoas que fazem, saem com mais brilho nos olhos, mais vivas. É o exemplo de uma técnica simples com o máximo de resultado.

Você também faz várias outras técnicas. Você é o terapeuta ‘dos mil instrumentos’ rs?

Não é assim. Quem acha que sabe fazer tudo, nunca se aprofunda em nada. Fiz muitos cursos, mas meu foco foi direcionado para técnicas que mais se afinavam comigo. Aí, eu pude experimentar, criar, aprender mais. O curioso é que há muitas pessoas que não sabem, mas sou acupunturista e faço shiatsu há quase 20 anos. Aliás, dei aula de shiatsu regularmente durante 7 anos. Mais recentemente fiz formação em Método Dorn, uma técnica fantástica, dinâmica que trabalha o alinhamento vertebral suavemente usando o movimento do corpo. Creio que um bom profissional deva ter muitos recursos e conhecimentos, para poder ajudar melhor.

Como você escolhe a técnica que vai usar?

É preciso fazer uma boa leitura dos problemas apresentados. Assim, nós vamos poder escolher o que utilizar. Às vezes, temos que fazer uma conjunção de técnicas. Temos que levar sempre em conta a pessoa, suas características, necessidades. Cada um tem a sua história, o seu jeito. É necessário enxergar o outro profundamente, o terapeuta precisa ter este olhar. Não há formula ou receita. Cada atendimento é único, não se repete. Estamos aqui para ajudar no processo de cura.
Não temos o poder de curar, nem somos infalíveis. Na verdade, estamos sempre aprendendo com o outro.

O Ayurveda fala dessas diferenças, não é? Que cada um possui uma natureza própria?

Aí, voltamos ao início da nossa conversa. O ayurveda na sua milenar sabedoria, coloca exatamente isto. E nós precisamos aprender a enxergar no outro, assim como em nós mesmos estas características únicas e trabalhar de acordo com elas.